Nenhum brinquedo material ficou da voragem dos dias que não eram meus. Todos os poucos brinquedos me ficaram na memória. A fotografia representa o que eu mais gostava de fazer: campismo. E é fácil de prever, para quem já me conhece um pouco: a natureza, os bichos, as árvores, os pés nus na caruma dos pinheiros. O campo, o monte, o mar, a pedra. Se não me lembro bem das salas de escola, destes lugares tenho memórias bem vivas. A sincronia de gestos com o meu pai é pura coincidência: fomos e somos muito diferentes: nem ele nunca soube como tratar uma criança. Com a minha costumada ironia direi que aprendi pela negativa.
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Brinquedos: poucos, brincar muito! Inventar: quase tudo. Percebo, desde há muito tempo e bem, como a infância de cristal deve ser tratada com dedos de ouro. São preciosos e tão céleres, os tempos da felicidade transparente!
Bettips
12 comentários:
Quando era pequena ia os tres meses de verão para a terra do meu pai, onde tudo era uma aventura, brinquedos? Ficavam em Lisboa, lá era a loucura total, eram os burros, as galinhas as cabras que muitas vezes eram o meu "cavalo" os utensilios de cozinha eram coisas achadas, como as latinhas da graxa dos sapatos, vivia-se em liberdade constante.
Campismo? Nessa altura não, mas a saudade daquela liberdade, obriga-me a andar por aí, numa casa de quatro rodas em contacto constante com a natureza.
Fizeste-me recordar o meu passado....
Deixo-te um beijo
Estes brinquedos são de carne e osso...
Agrades
Esta fotografia faz-me lembrar Peter Pan...
A infância é um tempo mágico e como muito bem dizes deve ser tratada com o maior dos cuidados!
E que melhor modo de brincar que com o que nos rodeia e o que está dentro de nós: a natureza, a criatividade, a invenção, dispensando os artefactos supérfluos e castradores da imaginação.
Revejo-me na tua infância:))
A imaginação, a inventiva, dominava a nossa infância. Não era preciso muita coisa para estarmos felizes. Acampar nunca fiz mas dávamos grandes paseios a pé pelas matas, pelos rios, sempre acompanhados de belos pic-nics de arroz de frango e pasteis de bacalhau...
...a esta hora e depois de ler e escrever tanto, estou cá com umas saudades ...
Já começo a perceber vagamente porque é que os velhinhos se reúnem numa comunidade a dançar o "tango"... Cada um recorda o que o fez feliz!
Não sou grande fã de campismo, porque, o meu corpo é super vulnerável ás picadelas dos insectos e mesmo que ninguém seja mordido eu sou sempre!
Mas a foto está girissima e mesmo com um ar bucólico!
Todos os fins de semana e durante as férias de Verão, eu, a minha irmã e os meus pais íamos para a casa dos meus avós. Ficava numa aldeia a 2 km da praia, e mesmo assim houve Verões que fazíamos campismo só para estar ainda mais perto da praia. Naquela altura não gostava muito de campismo devido ao calor dentro da tenda e ao desconforto, mas agora adoro!
Ah que engraçado esta fotografia também me faz lembrar Peter Pan!
Adorava fazer campismo e fi-lo enquanto adolescente durante alguns anos. Hoje gosto mais de montanhismo e sempre a andar.
Quando era miúda, brincava muito "ao faz de conta", dispensando qualquer brinquedo. Um dia ri de alegria, quando descobri que a minha filha também brincava sozinha ao "faz de conta".
A brincadeira na rua com os miúdos do meu bairro também me trouxe alguns dissabores. Mas, eu conseguia escapar-me de vez em quando à vigilância dos da casa... :)))
Assim era, meninas, tal como o dizem.
O comum
das gentes que aqui somos encontradas,
revisitado!
É bonito, isto.
Obrigada e abraços.
Que giro então temos coisas em Comum, embora deteste campismo.., sou obrigado a socorrer-me de uma tenda pequenérrima,(mas que obrigatóriamente tem de caber dois) nas minhas longas viagens que por principio parto a qualquer momento sem saber quando volto,sem qualquer programação e quando a uso, no dia seguinte pareço um aleijado.
Quanto à ironia de aprender pela negativa, afirmação sua, permita-me dizer-lhe que por irónico que lhe pareça que foi assim que aprendi a viver a vida é a melhor forma de depurar, filtrar, perceber, a essência humana, de que ela é feita; um bocado complicado não é?
O meu Pai era um caso sério de se perceber.
Eu era o contestatário da família; O Mafaldo cá do sítio e assim eu e ele andávamos sempre a fazer faísca.
Também gostava de brincar ao faz de conta, e hoje o faz de conta até tá na berra, basta pôr a cabeça for da janela e vê-los imbecilizados sem saber o verdadeiro nome do JOGO.
Reinvente-se o Homem.
Obrigada António pelo (re)conforto!
Abraço
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