Olá... olá....
Esta não sou eu, mas bem podia sê-lo... É o retrato fiel da miúda tipo do meu tempo de escola. Aliás a única diferença entre este modelo em exposição - na sala da Instrução Primária do Estado Novo no Museu do Brinquedo em Seia - e a minha pessoa é somente o comprimento dos cabelos. Eu tinha cabelos curtos. Em toda a apresentação me revejo. A saia de pregas em xadrez, o "bom gosto" da época que combinava indiscriminadamente riscas nas meias com quadrados na saia, a bata branca, a cesta do lanche (a minha era tal e qual esta) e a inseparável corda de saltar. Brinquedo que, a par do elástico, era o meu preferido. Até o ar de movimento desta miúda me é familiar, de tal modo eu era saltitona. E é essa simplicidade das brincadeiras que mais me dá saudades nos tempos que correm. Os miúdos não são espontâneos a brincar. Os brinquedos são complicados. Perdemos a paciência a desencaixotá-los no meio de um sem número de atilhos e peças plásticas, cartões e placas de esferovite - tudo material inútil que envolve as barbies, os pokets, as mini mascotes e um sem número de sofisticações com nomes esquisitos. Até parece impossível num tempo que se diz de reciclagem...E a seguir, para brincar com aqueles brinquedos, falta a espontaneidade. Nós tínhamos o poder de transformar qualquer erva, pau ou pedra num brinquedo que nos entretinha toda uma tarde. Também é verdade que aos miúdos de hoje além destas matérias primas de proveitos inesgotáveis (ai, que te sujas!) também falta a tarde... O testemunho que pretendo deixar dos brinquedos da minha infância tem a ver com a sensação de liberdade que o brincar nos dava. O poder criar, imaginar, construir, embrenharmo-nos de tal modo nas brincadeiras e termos tempo para tal que, efectivamente, vivíamos um par de horas que "não eram deste mundo".................................
Cerejinha :)
Cerejinha :)
5 comentários:
Saltar à corda!
Com corda individual ou uma das grandes, para o que era preciso tirar à sorte quem dava à corda e quem saltava...
Adorava!
Concordo totalmente com a tua comparação entre as nossas sikmples brincadeiras de criatividade e a sofisticação "plástica" de hoje.
O teu texto é uma bela lição de etnografia.
A típica menina da escola. Na minha tudo era semelhante excepto a bata. Nunca usei bata nem na escola primária nem no liceu. Agora a corda, a bola, e até as danças de roda faziam as nossas delícias. E o resto inventava-se.
O teu texto parece um artigo de fundo duma revista: "Todos Somos Pais" ou "Pensar o Futuro".
Liberdade de inventar, era o melhor que tínhamos. A "flausina" está catita, imagino como serias mexidinha...
Sobre batas vou deixar uma ideia controversa, eu sei: nunca gostei de batas e tive de as usar. Poupava-se a roupa que não abundava!
Mas já há muito penso que é uma forma de fazer sentir as crianças mais iguais, sem as mostrar ricas ou à moda. Assim acabavam-se as barriguinhas à mostra, os enfeites, as roupinhas de marca, telecoisos ... Escola é mesmo para aprender e brincar, acho que devia ser essa a principal vaidade. "o saber", o desenvolvimento harmonioso como indivíduo e membro da sociedade gregária a que se pertence.
Bj Cerejinha
Também gostei muito do texto e a fatiota é exactamente igual á que eu também usava, salvo as meias ás riscas, usava-as lisas, mas o cabelo era do mesmo tamanho e tudo!
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