As luzes do Natal estão nas avenidas e ruas deste mundo, luzes comerciais e hipócritas, escondendo nas sombras das mesmas ruas indigentes, crianças abandonadas, gente sozinha; as luzes do Natal estão nas casas de famílias abastadas e remediadas, enfeitando árvores de plástico e alegrando a sala da reunião familiar, escondendo nas sombras as quezílias que separam pais ou filhos ou irmãos ou todos durante o ano e que se esquecem por um dia; as luzes do Natal estão em todas as igrejas católicas, ortodoxas e afins, dando fulgor às cerimónias litúrgicas, escondendo nas sombras os pecados imperdoáveis de quem usa o poder para destruir vidas de crianças. As sombras do Natal são tudo o que está para além das luzes enganadoras.
Justine
(fotografia de uma bola de luz num subúrbio de Lisboa)
3 comentários:
As incongruências, ou ainda uma expressão mais forte, a falta de decoro do nosso tempo. Um desequilíbrio patente, até na forma como as ruas são enfeitadas. Umas exuberantes, de acordo com a importância que têm na cidade e na capacidade económica de quem as procura, as outras, mais retiradas, menos supostamente importantes, excepto para os que nelas residem. Também neste aspecto, a prevalência do material sobre uma vivência diferente de outras pessoas mais na sombra da vida.
tenho uma fotografia de uma bola igual a essa, mas em azul, fiquei deslumbrada quando a vi, estou como diz a Luisa, a bola é bonita mas tornou-se banal como tudo o mais do Natal como bem dizes
ou nós é que estamos velhos e tudo nos soa déjà vu
por curiosidade está uma bola igual a esta no Largo Camões em Lisboa, cheia de turistas espanhois (calhou-lhes feriado sexta-feira ou algo assim) lá dentro a tirar fotografias. Mais dois factos dos tempos que correm: turistas e fotografias
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