Estou
para aqui a pensar em certos natais que inventei para que, em anos
brutos da implantação do consumismo, eu pudesse apresentar alguma
coisa que dissesse que as lojas não vendem o melhor que temos e pode
a outros servir. Natais em que fui pai-natal, mãe-natal,
filha-do-pai-natal e até rena, quando não havia ainda chifres à
venda, mas foram feitos cá em casa. Nesse tempo havia crianças que
eram o meu público mais atento. Nesse tempo eu acreditava que a
febre das compras havia de se extinguir, que as crianças haviam de
crescer para um mundo menos fútil, mais útil, mais amável. Foram
esses natais que hoje recordo, e há um doce-amargo nesta lembrança
de mim, dos que já não estão, das minhas ilusões que afinal
continuarei a alimentar, em qualquer Natal, esteja eu onde
estiver.
Licínia
Licínia
1 comentário:
E que nos espera quando deixarmos de ter ilusões???
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