quinta-feira, dezembro 05, 2019

4. Licínia



De luz e sombra se cobrem os dias dos homens. Não têm memória de outras estrelas e por isso se afincam a guardar a luz do sol nos olhos, nas mãos, no coração. Na noite escura, quando o frio e o medo assomam ao rés do corpo, dizem baixinho, meu amor minha luz, e acende-se um raio de futuro. No dia claro, alimentam-se de lembranças de outras luzes, de outras sombras, dizem a meia voz, meu amor meu Natal. Assim sempre, na roda do claro escuro a que se chama Vida. 
Licínia 
(A foto é de um prédio muito antigo em Braga, onde está a Livraria Centésima Página.)

4 comentários:

Justine disse...

Um texto muito poético, muito belo, muito lúcido, muito inquietante!
Excelente, Licínia

Margarida disse...

Que texto tão bonito, Licínia!

M. disse...

Uma beleza este texto! De uma enorme humanidade. E a fotografia é outra maravilha.

Mónica disse...

que poético!