quinta-feira, abril 23, 2020

10. Mónica

Como o guardador de ovelhas
tem sua cabana e vigia,
eu sou cabana, Senhor, nas tuas mãos sem cajado
e sou noite. Ó Senhor, da tua noite fria.

Vinha, prado, velho rochedo,
campo que a Primavera não perde,
figueira centos de frutos a perder de vista,
mesmo em terreno de mármore que não cede:

Exalam perfume teus ramos compridos.
E tu não perguntas se estou a vigiar;
sem medo, diluídos em seivas negras,
teus abismos sobem por mim ao passar.

Mónica

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