quinta-feira, abril 23, 2020

7. M.

Como o guardador de horizontes
tem sua cabana e vigia,
eu sou cabana, Senhor, nas tuas mãos sem lentes
e sou noite, ó Senhor, da tua noite fria.

Vinha, prado, velho pomar
campo que a Primavera não perde,
figueira centos de frutos a brilhar,
mesmo em terreno de mármore que não cede:

Exalam perfumes teus ramos pujantes.
E tu não perguntas se estou a vigiar;
sem medo, diluídos em seivas constantes,
teus abismos sobem por mim ao passar.

M

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