quinta-feira, abril 23, 2020

9. Mena M.

Como o guardador de cabras
tem sua cabana e vigia,
eu sou cabana, Senhor, nas tuas mãos sem amarras
e sou noite. Ó Senhor, da tua noite fria.

Vinha, prado, velho pomar,
campo que a Primavera não perde,
figueira centos de frutos a dar,
mesmo em terreno de mármore que não cede.

Exalam perfume teus ramos abundantes.
E tu não perguntas se estou a vigiar,
sem medo, diluídos em seivas revigorantes,
teus abismos sobem por mim ao passar.

Mena

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