quinta-feira, abril 23, 2020

8. Margarida

Como o guardador de sonhos
tem sua cabana e vigia,
eu sou cabana, Senhor, nas tuas mãos sem luvas
e sou noite, ó Senhor, da tua noite fria.

Vinha, prado, velho cajado
campo que a Primavera não perde,
figueira centos de frutos a rodos,
mesmo em terreno de mármore que não cede:

Exalam perfumes teus ramos secos.
E tu não perguntas se estou a vigiar;
sem medo, diluídos em seivas leitosas,
teus abismos sobem por mim ao passar.

Margarida

2 comentários:

Margarida disse...

"Luvas"?HHHMMMMM... Será que adivinhei o presente/futuro? Ironia da escrita...

Mónica disse...

ia comentar o mesmo :D