quinta-feira, abril 02, 2020

11. Rocha/Desenhamento



A escolha de um livro de que tenhamos gostado, há muitos anos, colide com outros, quer do mesmo autor, quer de outros igualmente saudosos. Escolho, em todo o caso, um dos livros de que mais gostei: A PESTE, de Albert Camus. Na altura, e mesmo entretanto, esta obra perseguiu-me com larga duração de imagens e de sentidos, com essa visão sobre a humanidade na sua grandeza e na sua quebra conflitual, destinando-se, na sombra de uma divindade de súbito incompreensível, à morte sob uma misteriosa peste imensa e silenciosamente destrutiva. Ocorre-me pensar mais do que pensei na atura da leitura de Camus; uma pandemia dos meus tempos (e numa idade muito avançada) esgotado entre esperas e confrontado com um ano (2020) de súbito dominado pelo absurdo - conceito que o escritor muito aprofundou, ligando-a ser humano, entre a vida e a morte.
Perfilho, diante deste livro magoado, que atravessa o equívoco de uma vida que se nega a si mesma, dividida entre o aquém e o além, as palavras de Daniel Defoe: É tão razoável representar uma espécie de encarceramento por uma outra como representar qualquer coisa que realmente existe por qualquer coisa que não existe.

Rocha de Sousa

7 comentários:

Isabel disse...

Li-o há muitos anos e não me marcou dessa forma tão forte, talvez porque não o percebi ou o li de maneira fútil. Depois desta sua descrição,fiquei com vontade de o voltar a ler. Vou tirá-lo da estante e relê-lo (agora que tenho um pouco mais de tempo).

Saúde e uma boa sexta-feira:))

bettips disse...

Esta colecção "Livros do Brasil" também me era favorita. Camus e a sua prosa "quase" profética de tempos vindouros, encheu a minha juventude de existencialismo. Neste momento, enche de tragédia real o absurdo da situação.

Mónica disse...

nunca li. obgda p sugestão

Justine disse...

Bem adequado aos tempos que vivemos!

Anónimo disse...

Li-o como todas as pessoas do meu tempo
Luisa

M. disse...

Camus, um escritor que aprecio, também neste livro que li há imensos anos.

Anónimo disse...

Sempre gostei do autor e tenho muitos dos seus livros. A preferência vai para O Estrangeiro. A peste é melhor não reler neste tempo de pandemia.

Teresa